segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os desafios da educação infantil no campo


A educação infantil nas áreas rurais do país carece de professores com formação adequada, de infra-estrutura, de uma política que respeite a diversidade do campo. 
A educação infantil –  abrange a faixa etária até seis anos – é um direito da criança, dever do Estado, opção da família, mas sua oferta só começou a ganhar consistência a partir da criação do Fundo da Educação Básica (Fundeb), em 2007. 
Nas áreas rurais, a educação infantil sofre maiores limitações porque as crianças geralmente estão em classes multisseriadas com alunos de dez a 12 anos, os professores não têm formação apropriada, e o parâmetro de referência é a educação infantil urbana.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pnera) de 2005, apenas 5% das crianças até os seis anos de idade freqüentam escolas da educação infantil no campo. E somente 3% estão em creches. Diante desse contexto, representantes de movimentos sociais, professores, pesquisadores, técnicos dos Ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário vem discutindo a adoção de medidas para universalizar o acesso à educação infantil.
Do total de crianças de até seis anos matriculadas em creches de educação infantil, 93% estão em áreas urbanas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de crianças nessa faixa etária que moram no campo ultrapassa os três milhões de indivíduos. Destes, apenas 5% estão estudando. Dados do Ministério da Educação apontam falta de escolas especializadas para o atendimento de estudantes que residem em áreas rurais. Não por acaso, é no campo que estão os municípios e escolas com menores índices de desenvolvimento da educação básica (Idebs).
Para além do problema do acesso à educação infantil, os especialistas apontam que as condições das escolas do campo são precárias e não oferece as condições para que as crianças aprendam de forma satisfatória. Do total de crianças de até seis anos que estão matriculadas, grande parte está inserida em turmas de ensino fundamental e ainda há aquelas que viajam para a zona urbana em busca de creches.
De acordo com os especialistas em educação infantil, esse processo de deslocamento da criança do campo para a cidade traz inúmeros problemas para o seu desenvolvimento: primeiro, os alunos nessa idade se cansam muito durante a viagem. O ideal é que as escolas estejam perto de suas casas, mesmo que isso implique em termos escolas para o atendimento de cinco estudantes; segundo, o afastamento da criança de seu contexto sociocultural dificulta seu processo de aprendizagem e socialização, bem como, a desvinculação dos valores socioculturais de sua comunidade.
Desse modo, os movimentos sociais do campo precisam ampliar o processo de luta em defesa da ampliação das políticas de educação infantil no meio rural. Uma educação do campo que traga à tona as particularidades da zona rural, onde os livros didáticos, por exemplo, mostrem figuras que remetam à realidade dos alunos do campo.

Um comentário:

  1. olá! Achei o blog bem interessante Não consegui encontrar seu perfil no blog. tenho interesse em trocar experiências sobre o semi árido nordestino. Moro em São Tomé no RN.Sou graduada em Geografia. vc é de onde?

    ResponderExcluir